domingo, 4 de julho de 2010

MINHA AÇÃO

Desde que estava na escola, eu fazia um programa de voluntariado às tardes, de 15 em 15 dias (se bem me lembro) depois das aulas e antes do inglês, que tínhamos 2 vezes por semana.. Era pequenos grupos interseriais que se juntavam para serem guardiões de atividades de literatura e artes plásticas com crianças e jovens órfãos e/ou abandonados. Na época tinha entre 13 e 14 anos. Entrei com uma realidade completamente diferente da minha, e tive oportunidade de poder trocar experiências de vida com jovens da mesma idade que a minha e até mais velhos. Fazíamos contações de histórias, desenhos, pinturas e argilas, rodas de leitura e montamos uma biblioteca com doações de livros que recebíamos principalmente dos educandos do Vera Cruz (escola onde estudei).

Com uns 16 anos, ainde com o pessoal da escola e com o nosso professor de filosofia, o Adriano Bechara, ía fazer um trabalho com crianças que moravam na comunidade Jardim Fim de Semana, na Associação Rainha da Paz, na zona Sul de São Paulo. Lá montamos uma gibiteca e fazíamos rodas de leitura e outras atividades recreativas. Íamos lá, mais ou menos uma vez por mês. Pegávamos vários ônibus que demoravam horas para chegar e por isso, entrei em maior contato, compreendendo um pouco mais do possível cotidiano de uma periferia.

Já na faculdada, no segundo ano, mais ou menos, quando tinha uns 19 anos, fui trabalhar como educadora na Ciranda Social. Era uma ONG que atendia crianças e jovens das comunidades do Sapé, Mil e dez, São Remo, Jaguaré e Rio Pequeno (bairro do Butantã, zona Oeste de São Paulo), com atividades recreativas, aulas de informática, reforço escolar e iniciativas ambientalistas, como coleta seletiva e educação ambiental.

Mais ou menos na mesma época, no fim de 2006, entrei no Treme Terra (atual Afrobase), que ficava no Morro do Querosene. Lá, comecei a fazer dança afro. E através de um espaço igual e compartilhado, conheci pessoas diversas (de classes sociais, cor, idade, gêneros, e por aí vai...), onde aprendi muito, me reconheci e afirmei a minha identidade. O Treme Terra foi um lugar que tinha um sentimento de pertencimento muito forte e , por isso, comecei a participar mais integralmente de iniciativas culturais.





Treme Terra na Escola Amorim Lima - Lígia, Terená e Gabi.





Também com caráter social e educacional, atuei mais recentemente em diversos mutirões de transformações espaciais, principalmente de cunho ambiental. Esses mutirões prefiro chamar de "festas de trabalho", como é chamado em inglês (work parties) e me particularmente, me agrada mais... Afinal, o que não é divertido, não é sustentável, né?! Participei da construção de uma sala de aula ao ar livre do Projeto Dedo Verde na Escola, da ONG 5 Elementos: fizemos uma parede de pau-a-pique, bancos de sacos de areia, uma horta em espiral e um espaço lúdico para as crianças. Além disso, participei de encontros de comunidades alternativas, onde fazíamos plantios, construíamos fornos e saunas de barro e almoços coletivos. Já trabalhei em mutirões de permacultura no Sítio Olho D'Água, do grupo Solares, realizando hortas em mandalas e a construção de um filtro biológico; e também com compastagem, manejo de banheiro seco, implementação de coleta seletiva, colheita de frutas e manejo da horta no IPA, Instituo de Permacultura da Amazônia, em Manaus, onde estagiei por uma semana.

Empacotando Rambutã, depois de colher - Gabi e Fefo -


- IPA, nosso cafofo


Pintando as lixeiras feitas de pneu para coleta seletiva - Marcelinha, Gabi, Sil e Lau -





Lembro-me que bem no dia do meu aniversário de 21 anos, estava eu no Vale do Matutu, em Minas Gerais. Estava com a minha Tia, meu Tio e minha amiga Julia e participamos de reunião que estava tendo com a comunidade de lá, conduzida por um facilitador. Participavam nativos, pessoas de primeiras e segundas residências e pessoal que mora na comunidade do Santo Daime. Foi incrível ver que em momentos de conflitos (o que está presente em todas as relações), pode-se unir interesses e visões para o desenvolvimento e a evolução de um determinado local; algo comum entre todos. E tudo isso, através da democracia participativa, da decisão por consenso, da pró-atividade e da responsabilidade de todos os envolvidos. Foi nesse dia que me clareou a vontade de ser facilitadora de processos locais e comunitários, como também integrante de algum coletivo. No mesmo dia, abriu-se um portal de bênçãos nesse momento de renascimento: um arco-íris de arco inteiro se formou na minha frente, me presenteando a luz divina...

E essa luz divina que me faz acreditar na união para a transformação. Não só sinais e experiências de vida, mas também sonhos, oráculos e mil outras coisas que me dizem que ainda devo articular e juntar forças para que podemos construir aquilo que com certeza é possível e está ao nosso alcance.




Vale do Matutu - Cabeça do Leão - Arco íris de Aniversário!



































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